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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Controlando a produção com pH e condutividade



Poder suprir as necessidades da planta à curto prazo é uma das vantagens da hidroponia, mesmo que esse trabalho não seja fácil. A observação de tudo que se passa na estufa é fundamental, em especial com a solução nutritiva. A medição de condutividade elétrica (através do condutívmetro) e pH (peagâmetro) por mais simples e rotineira que seja pode indicar informações preciosas para a boa manutenção do sistema.


CE 50% menor na maternidade
A CE se deve a quantidade de cátions e ânions liberados pelos nutrientes na água, então quanto menos nutrientes, menor a condutividade. Por exemplo, o nitrato de potássio (KNO3) dissolvido na água se transforma nos íons K+ (cátion) e NO3- (ânion). Sendo a redução da CE proporcional a quantidade de nutrientes consumidos a reposição fica bem fácil de ser realizada. “Basta repor a água no seu nível anterior e medir a condutividade elétrica. A porcentagem de diminuição em relação a condutividade inicial deve ser reposta.” explica o professor Jorge Barcelos, do Laboratório de Hidroponia da Universidade Federal de Santa Catarina. Estar atento à condutividade ideal de cada espécie é outro ponto importante e que fará diferença na produção por planta.
Em pesquisa realizada na Universidade Federal do Ceará, coordenada pelo pesquisador Ismail Soares, foram testadas 5 condutividades diferentes para a cultivar de alface Verônica. Enquanto as condutividades muito baixas não forneciam nutrientes suficientes às plantas, o valor mais alto 2mS/cm trouxe dificuldades para absorção destes,  a pesquisa constatou então que a CE ideal para essa cultura é de 1,80 mS/cm.

os pesquisadores sofreram o impacto de não poderem fazer análise química da solução com muita freqüência. Quando a análise foi feita, o índice de potássio que deveria estar em 180 ppm numa produção de alface, estava em apenas 8 ppm. “Havia muitas plantas em idade avançada e que já deviam ter sido colhidas, as quais são vorazes por potássio e micronutrientes” alega Jorge Barcelos . Embora a diminuição da condutividade elétrica não indique quais nutrientes foram mais utilizados, a proporção é praticamente a mesma quando o sistema é bem manejado. “O potássio é o único que tem um consumo acima da média à medida que a planta cresce, daí passamos a acrescentar um pouco mais desse nutriente na reposição proporcional” conta Rafael Simoni, estudante de agronomia e bolsista do Laboratório.
Outra dica é não cultivar plantas com idades diferentes com a mesma solução. O consumo dos nutrientes não é o mesmo em todas as fases e assim o erro da reposição feita apenas por cálculos de condutividade pode prejudicar a produção. No Laboratório de Hidroponia, a reposição de Potássio em maior quantidade é feita por conta dessa condição, ou seja, cada reservatório de solução nutritiva atende plantas de mesma idade. “Assim é fácil monitorar, e até mesmo variar, a CE e a formulação de nutrientes ao longo do ciclo da cultura conforme a necessidade da planta” comenta o professor.
A saída para o produtor que tem plantas de diferentes idades atendidas pelo mesmo reservatório é fazer trocas regulares da solução ou fazer análise química mais frequentemente, a fim de manter a solução mais equilibrada, garantindo a boa nutrição da planta.


Marcas do pH incorreto
O controle de pH não deve ser descuidado, embora não sofra tanta variação como a CE. Ele pode trazer prejuízos à plantação caso o valor esteja além dos limites recomendados. O pH fora da faixa adequada (5,5 – 6,5) torna alguns nutrientes menos disponíveis. Por exemplo, quando está básico (pH alto), os micronutrientes (Ferro, Manganês, Zinco e Cobre) tendem a ficar indisponíveis. “Na hidroponia trabalhamos só com os nutrientes essenciais, todos com a mesma importância. Qualquer um dos nutrientes que deixar de ser absorvido prejudicará o desenvolvimento da planta”, pondera Jorge Barcelos.
Para fazer o pH voltar ao seu nível ideal pode-se usar hidróxido de potássio em caso da solução estar ácida e ácido cítrico ou fosfórico quando ela estiver básica. O ácido fosfórico é indicado quando a área de correção for pequena ou houver pouca variação. Na hora da aplicação é importante lembrar o poder desses produtos (tanto pela elevada concentração quanto pelos riscos durante a manipulação) e diluí-los em água antes de adicionar no reservatório. Barcelos indica cuidados para que não se exagere na dose e o problema se inverta: “É preciso mexer a solução e ter paciência para que faça efeito e, caso necessário, adicionar mais, aos poucos”.
Produtores já habituados a monitorar o pH, às vezes não entendem o que há de errado com a produção. Um equívoco comum que, em alguns casos, pode ser resolvido com a calibragem dos aparelhos. Felipe Kawakami, engenheiro agrônomo da empresa Hanna Instruments aconselha que o aparelho seja recalibrado semanalmente. A recalibragem é feita colocando o aparelho em uma solução padrão e acertar com as “chavinhas” ou optar pôr modelos mais modernos, como o HI 98130 que faz a calibragem automática depois de ser colocado na solução. 



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